conto | CASA VELHA

Era uma casa velha e com cara de desamparada. Antes de irmos morar lá, ficara por muito tempo abandonada. Os últimos moradores tiveram dificuldade em vendê-la por ser muito afastada do centro da cidade. Mas era exatamente o que eu e Kyle procurávamos quando a compramos. Um lugar só nosso, longe da agitação dos centros urbanos e muito mais próximo da natureza.
Além do mais, a velha mansão rangente e mal cuidada, tinha seus privilégios e pequenos segredos que ajudaram a nos conquistar. O amplo hall que possuía três saídas nas laterais, dando de encontro à cozinha, à sala de jantar e à sala de estar, esta que levava às escadas que davam para o segundo andar, onde se encontravam os quartos. Além disso, a pequena adega escondida no porão nos ganhou de primeira, nossa paixão por vinhos era tão intensa quanto nossa paixão um pelo outro. As poucas, mas intrigantes passagens secretas que levavam de um cômodo a outro também nos animaram bastante. Estas foram mais difíceis de achar, mas ao longo de algumas semanas havíamos mapeado todas, e nos divertido nelas entre encontros, desencontros e risadas sem fim. Por último, mas não menos importante, uma das descobertas que me deixou mais animada fora o pequeno elevador de cargas que se encontrava no segundo andar, conectado à cozinha da casa no térreo. Dali, Kyle e eu podíamos trocar itens sem precisarmos dar toda a volta por aquela imensa casa.
Foi então em um domingo nublado, que nos prendera o dia inteiro dentro de casa, que algo incrível aconteceu. Eu estava um tanto resfriada devido a repentina troca de temperatura que havia dado no tempo e Kyle fora até a cozinha me preparar chá. Como sabia de minha adoração pelo elevador de cargas, resolvera me alcançar a bandeja com chá e biscoitos através dele, no intuito de tornar toda aquela atividade mais interessante para mim. Porém, quando eu chegara até o pequeno quadrado na parede e abri para pegar minha entrega, junto com o chá e os biscoitos havia uma pequena caixinha de veludo, naquele vermelho clichê dos filmes de romance. Sorri com aquela visão, sabendo o que viria em seguida. Não levou muito para ter ao meu lado no segundo andar, Kyle de joelhos, aguardando que eu abrisse a caixinha que se apresentava em minha frente. Ao levantar a parte superior, fui atingida por um magnífico brilho de um lindo diamante em um anel de noivado. Um diamante novo e brilhante em meio à uma casa velha e antiquada. O que mais poderíamos pedir do equilíbrio do Universo?

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